LENDA DE NANÃ-01 No inicio dos tempos os pântanos cobriam quase toda a terra. Faziam parte do reino de Nanã Buruquê e ela tomava conta de tudo como boa soberana que era. Quando todos os reinos foram divididos por Olorun e entregues aos orixás uns passaram a adentrar nos domínios dos outros e muitas discórdias passaram a ocorrer. E foi dessa época que surgiu esta lenda. Ogum precisava chegar ao outro lado de um grande pântano, lá havia uma séria confusão ocorrendo e sua presença era solicitada com urgência. Resolveu então atravessar o lodaçal para não perder tempo. Ao começar a travessia que seria longa e penosa ouviu atrás de si uma voz autoritária: - Volte já para o seu caminho rapaz! - Era Nanã com sua majestosa figura matriarcal que não admitia contrariedades - Para passar por aqui tem que pedir licença! - Como pedir licença? Sou um guerreiro, preciso chegar ao outro lado urgente. Há um povo inteiro que precisa de mim. -Não me interessa o que você é e sua urgência não me diz respeito. Ou pede licença ou não passa. Aprenda a ter consciência do que é respeito ao alheio. Ogum riu com escárnio: - O que uma velha pode fazer contra alguém jovem e forte como eu? Irei passar e nada me impedirá! Nanã imediatamente deu ordem para que a lama tragasse Ogum para impedir seu avanço. O barro agitou-se e de repente começou a se transformar em grande redemoinho de água e lama. Ogum teve muita dificuldade para se livrar da força imensa que o sugava. Todos seus músculos retesavam-se com a violência do embate. Foram longos minutos de uma luta sufocante. Conseguiu sair, no entanto, não conseguiu avançar e sim voltar para a margem. De lá gritou: -Velha feiticeira, você é forte não nego, porém também tenho poderes. Encherei esse barro que chamas de reino com metais pontiagudos e nem você conseguirá atravessa-lo sem que suas carnes sejam totalmente dilaceradas. E assim fez. O enorme pântano transformou-se em uma floresta de facas e espadas que não permitiriam a passagem de mais ninguém. Desse dia em diante Nanã aboliu de suas terras o uso de metais de qualquer espécie. Ficou furiosa por perder parte de seu domínio, mas intimamente orgulhava-se de seu trunfo: - Ogum não passou!
LENDA DE NANÃ-02 Nanã era esposa de Ogum e ocupava o cargo de juíza no Daomé. Só julgava os homens, sendo muito respeitada pelas mulheres que eram consideradas deusas. Ela morava numa bela casa com jardim. Quando alguém apresentava alguma reclamação sobre seu marido, ela amarrava a pessoa numa arvore e pediu aos Eguns para assustá-la. Certa noite, Yansã reclamou de Ogum e ele foi amarrado no jardim. À noite, conseguiu escapulir e foi falar com Ifá. A situação não podia continuar e, assim, ficou acertado que Oxalá tiraria os poderes de Nanã. Ele se aproximou e ofereceu a ela suco de igbin, um tipo de caramujo. Ao beber o preparado, Nanã adormeceu. Oxalá então se vestiu de mulher e, imitando o jeito de Nanã, pediu aos Eguns que fossem embora de seu jardim para sempre. Quando Nanã acordou e percebeu o que Oxalá tinha feito, obrigou-o a tomar o mesmo preparado de igbin e seduziu o orixá. Oxalá saiu correndo e contou para Ogum o que havia acontecido. Indignado, este cortou relações com Nanã. E é por isso que nas oferendas a Nanã não é usado nenhum objeto de metal. Uma outra lenda registra que, numa reunião, os orixás aclamaram Ogum como o mais importante deles e que Nanã, não se conformando em ser derrotada por ele, assumiu que não mais usaria os utensílios de metal criados pelo orixá guerreiro (escudos e lanças de guerra, facas e setas para caça e pesca). Por isso, que ela não aceita oferendas em que apresentem objetos de metal. LENDA DE NANÃ - 03
Ogum é sem dúvida alguma, um dos Deuses Iorubanos mais conhecidos, mais cultuado e temido. Às vezes, até mesmo, mais temido do que Exú, sobre o qual, tem total domínio. Como é o filho de Oduduá e Yemanjá, mais velho e considerado o mais antigo Orixá Iorubano, e em virtude de sua ligação com metais, sem sua permissão e sua proteção, nenhuma atividade seria proveitosa; é o dono do obé (faca). Entretanto outros Deuses mais antigos que Ogum, originários de países vizinhos, mesmo assimilados pelos Iorubanos, não aceitavam de bom grado a primazia assumida e concedida a Ogum, por Oduduá. Essas diferenças, até hoje não foram resolvidas e deu origem a conflitos entre Nanã e Ogum, isto porque Nanã, o mais antigo Orixá da Nação de Daomé (uma espécie de Orixalá dos Iorubanos) não aceita o comando de Ogum. Por isso, nenhum animal oferecido a Nanã, podia ser cortado com o obé de metal e sim com o de madeira.
LENDA DE NANÃ - 04 A história dos filhos de Oxalufã e Nanã Burucu :
Diz a lenda que Oxalufã vivia em seu reino com Nanã Burucu. Era um rei correto e bom mas cheio de afazeres. Ele deixava Nanã sempre sozinha. Ele, então, pediu a Ifá ( que representa o futuro e pode ser consultado através do jogo de búzios ) o consentimento para criar um filho para fazer companhia a Nanã. Assim foi feito e o filho, chamado de Oxaguiã, foi criado à semelhança do pai. No lugar de fazer companhia à Nanã, o filho tomava conta do reino e estava também cheio de responsabilidades e sempre representando o pai nas guerras e cerimônias fora do reino. Nanã mas uma vez se queixou da solidão na qual vivia e Oxalufã, para contentá-la, então pediu permissão para criar outro filho. Assim foi criado, sem o pecado original, Omolu que carregava consigo as doenças da humanidade. Ao contrário do primeiro filho, Oxaguiã, que era forte e cheio de vida, Omolu era raquítico e todo feridento. Nanã, esta vez, ficou revoltada e não tinha paciência para tomar conta deste filho doente. Ela o desprezou e o deixou na beira do mar. Foi ali, então, que Iemanjá tomou conta dele, cuidava de suas feridas e o dava o amor de mãe que Nanã não tinha dado. Mais uma vez, Oxalufã, para contentar e aplacar Nanã e evitar aborrecimentos fez outro filho, desta vez um irresponsável, interesseiro e de caráter duvidoso, Êxu, que gostava de brincar e pregar peças com todos os seres do reino. Foi a gota d'água para Nanã que se sentia humilhada; ela deixou o reino e foi se abrigar no reino de Xangô. Oxalufã, por sentir sua falta, consultou o adivinho que consultou a Ifá que lhe respondeu que não fosse buscar Nanã pois ele poderia sofrer um castigo pela desobediência. Mas ele, sentindo a falta, resolveu ir até o reinado de Xangô mesmo desobedecendo a Ifá. Ele então empreendeu sozinho e a pé a viagem ao reinado de Xangô em busca de Nanã, com um cacaio sobre os ombros e o paxerô para se apoiar. Cansado, no meio da estrada, parou para descansar quando apareceu um velhinho ( era Êxu fingindo-se de velho ) que lhe pediu para ajudá-lo a por na cabeça um pote cheio de dendê. Oxalufã, na sua bondade infinita, foi ajudá-lo sem perceber que era uma brincadeira do filho Êxu. Quando ele menos esperava, Êxu virou o pote cheio de dendê sobre Oxalufã e saiu rindo às gargalhadas. Oxalufã tentou limpar-se o máximo que pôde e continuou a viagem. Êxu, vendo que ele não desistia, tornou a se transformar, desta vez em um mendigo e com um saco de carvão. Oxalufã, ao vê-lo sentado numa pedra a beira da estrada, com o saco enorme perto dele e com a aparência de um pobre coitado, ofereceu mais uma vez ajuda. Quando Oxalufã suspendeu o saco, Êxu despejou o mesmo cheio de pó de carvão em cima de Oxalufã. Ao ver o pai todo melado de dendê e carvão, Êxu saiu rindo e pinotando pela estrada. Chegando mais a frente, novamente Êxu chegou em baixo de um pé de cajueiro e ficou sentado como mendigo, desta vez bem velhinho e com uma muringa enorme cheia de cachaça. Mais uma vez, Oxalufã pela sua bondade tentou ajudar o velhinho que, por sua vez, ao suspender a muringa para por na cabeça, a derramou sobre a cabeça de Oxalufã, que mais uma vez ficou melado, agora de cachaça. Novamente Êxu saiu rindo e pulando como um louco. Oxalufã se vendo tão sujo, lembrou-se do rio que passava ali perto e foi se banhar. Antes de chegar no rio, viu um cavalo branco que ele reconheceu como o de Xangô, porem, sem saber que o cavalo tinha fugido do reino de Xangô e que este, por ele ser de grande estimação, tinha mandado seus ministros à procura dele. Foi aí que encontraram Oxalufã dando água ao cavalo antes de tomar o banho. Por isso os ministros o trocaram por um salteador de estradas e sem demora o puseram numa gruta à beira da estrada e trancaram a saída, pois era assim que faziam com ladrões de cavalo na época. Voltaram ao reinado com o cavalo e nada disseram sobre o ladrão a Xangô.
Um tempo depois, as pessoas começaram a perceber a falta de Oxalufã pois este não aparecia mais nem no reino dele nem no de Xangô. Então os Orixás, ao se dar conta da falta do pai, saíram em busca dele. Iansã com a trovoada e os raios, Xangô com o trovão e seu cavalo branco, Oxum nas cachoeiras perguntando aos que passavam por ele, Oxossi e Osany nas matas. Enfim, todos Orixás das matas e do ar o procuravam. Assim se passaram sete anos e o reinado de Xangô entrou em calamidade e foi castigado por pragas, doenças e outros males. Foi então que um dos ministros lembrou-se e consultou a um adivinho que revelou onde estava Oxalufã. Foram em busca dele e ao encontrá-lo, todo sujo e alquebrado, o trouxeram para o reinado de Xangô aonde, nas escadarias do palácio, deram lhe um banho de água e perfume e lhe trocaram as vestes sujas colocando roupas alvas e limpas. Por isso, a partir desse dia, ficou determinado que filhos de Oxalufã só vestissem branco e não comessem dendê nem pegasse em carvão ou bebesse cachaça nos dias de Sexta-feira. Oxalufã, ao se achar limpo e bem vestido, todo de branco, e ao ver todos os Orixás reunidos na frente na escadarias do palácio de Xangô, fez então a criação de um filho que não era do céu e nem da terra, seis meses era homem, seis meses era mulher; seis meses novo e seis meses velho. Era gente e era cobra, vivia nas águas salgadas, doces e nas matas, era de todas as cores e servia de mensageiro entre o céu e a terra. Ele é chamado de Oxumaré e foi o criado de Xangô ( na terra de Angola ele é chamado de Angorô e na terra da Jêje de Dã ). LENDA DE NANÃ - 05 OLENDA DE NANÃ - 04lorun enviou Nanan e Oxalá para viverem na Terra e criarem a humanidade. Os dois foram dotados de grandes poderes para desempenharem essa tarefa, mas somente Nanan tinha o domínio do reinado dos eguns, e guardava esses segredos, bem como o da geração da vida, em sua cabaça. Oxalá não se conformava com esta situação, queria poder compartilhar desses segredos. Tentava agradar sua companheira com oferendas para convencê-la a revelar seu conhecimento. Nanan, sentindo-se feliz com as atitudes de Oxalá, decide mostrar-lhe egun, mas apenas ela era reconhecida nesse reinado. Certa vez, enquanto Nanan trabalhava com a lama, Oxalá, disfarçando-se com as roupas dela, foi visitar egun, sem lhe pedir autorização.
Quando Nanan, sentiu a falta de Oxalá e de sua própria vestimenta, teve certeza de que ele havia invadido o seu reinado, atraiçoando-a gravemente. Enfurecida com a descoberta, resolveu fechar a passagem do mundo proibido, deixando Oxalá preso.
Enquanto isso, Oxalá caminhava no reinado de Nanan, tentando descobrir seus mistérios, mas apenas ela conseguia comunicar-se com os eguns.
Egun, sempre envolto em seus panos coloridos, não tinha rosto, nem voz. Oxalá, usando um pedaço de carvão, criou um rosto para ele, como já havia feito com os seres humanos, e, com seu sopro divino, abriu-lhe a fala. Assim, ele conseguiu desvendar os segredos que tanto queria, mas, quando se deu conta, viu que não conseguia achar a saída.
Nanan não sabia o que fazer, por isso fechou a passagem para mantê-lo preso até encontrar uma forma de castigá-lo. Contou a Olorun sobre a traição de Oxalá, que não aprovou a atitude de ambos. Nanan errou ao revelar a Oxalá os segredos que o próprio Olorun lhe confiara. Para castigá-la, tomou o seu reinado e o entregou a Oxalá, pois ele desempenhara melhor a tarefa de zelar pelo eguns. Oxalá também foi castigado, pois invadiu o domínio de um outro orixá. Daquele dia em diante, Oxalá seria obrigado a usar as roupas brancas de Nanan, cobrindo o seu rosto com um chorão, que somente as iyabás usam. LENDA DE NANÃ - 04
Disputa entre NANÃ BURUKU e OGUM
Nanã Buruku é uma velhíssima divindade das águas, vinda de muito longe e há muito tempo.
Ogum é um poderoso chefe guerreiro que anda, sempre, à frente dos outros Imalés.
Eles vão, um dia, a uma reunião.
É a reunião dos duzentos Imalés da direita e dos quatrocentos Imalés da esquerda.
Eles discutem sobre seus poderes.
Eles falam muito sobre obatalá, aquele que criou os seres humanos.
Eles falam sobre Orunmilá, o senhor do destino dos homens.
Eles falam sobre Exú: "Ah! É um importante mensageiro!"
Eles falam muita coisa a respeito de Ogum.
Eles dizem: "É graças a seus instrumentos que nós podemos viver. Declaramos que é o mais importante entre nós!"
Nanã Buruku contesta então: "Não digam isto. Que importância tem, então, os trabalhos que ele realiza?"
Os demais orixás respondem: "É graças a seus instrumentos que trabalhamos pelo nosso alimento. É graças a seus instrumentos que cultivamos os campos. São eles que utilizamos para esquartejar."
Nanã conclui que não renderá homenagem a Ogum. "Por que não haverá um outro Imalé mais importante?"
Ogum diz: "Ah! Ah! Considerando que todos os outros Imalés me rendem homenagem, me parece justo, Nanã, que você também o faça."
Nanã responde que não reconhece sua superioridade. Ambos discutem assim por muito tempo.
Ogum perguntando: "Voce pretende que eu não seja indispensável?"
Nanã garatindo que isto ela podia afirmar dez vezes.
Ogum diz então: "Muito bem! Você vai saber que eu sou indispensável para todas as coisas."
Nanã, por sua vez, declara que, a partir daquele dia, ela não utilizará absolutamente nada fabricado por Ogum e poderá, ainda assim, tudo realizar.
Ogum questiona: "Como você fará? Você não sabe que sou o proprietário de todos os metais? Estanho, chumbo, ferro, cobre. Eu os possuo todos."
Os filhos de Nanã eram caçadores. Para matar um animal, eles passaram a se servir de um pedaço de pau, afiado em forma de faca, para o esquartejar.
Os animais oferecidos a Nanã são mortos e decepados com instrumentos de madeira.
Não pode ser utilizada a faca de metal para cortar sua carne, por causa da disputa que, desde aquele dia, opôs Ogum a Nanã.
LENDA DE NANÃ - 06
Nanã era rainha de um povo e tinha poder sobre os mortos. Para roubar esse poder, Oxalá casou com ela, mas não ligava para a mulher. Então, Nanã fez um feitiço para ter um filho. Tudo aconteceu como ela queria mas, por causa do feitiço, o filho (Omolu ) nasceu todo deformado; horrorizada, Nanã jogou-o no mar para que morresse. Como castigo pela crueldade, quando Nanã engravidou de novo, Orumilá disse que o filho seria lindo mas se afastaria dela para correr mundo. E nasceu Oxumaré, que durante 6 meses vive no céu como o arco-íris, e nos outros 6 é uma cobra que se arrasta no chão.
LENDA DE NANÃ - 07
Na aldeia chefiada por Nanã, quando alguém cometia um crime, era amarrado a uma árvore e então Nanã chamava os Eguns para assustá-lo. Ambicionando esse poder, Oxalá foi visitar Nanã e deu-lhe uma poção que fez com que ela se apaixonasse por ele. Nanã dividiu o reino com ele, mas proibiu sua entrada no Jardim dos Eguns. Mas Oxalá espionou-a e aprendeu o ritual de invocação dos mortos. Depois, disfarçando-se de mulher com as roupas de Nanã, foi ao jardim e ordenou aos Eguns que obedecessem "ao homem que vivia com ela "(ele mesmo). Quando Nanã descobriu o golpe, quis reagir mas, como estava apaixonada, acabou aceitando deixar o poder com o marido.
LENDA DE NANÃ - 08
Certa vez, os Orixás se reuniram e começaram a discutir qual deles seria o mais importante. A maioria apontava Ogum, considerando que ele é o Orixá do ferro, que deu à humanidade o conhecimento sobre o preparo e uso das armas de guerra, dos instrumentos para agricultura, caça e pesca, e das facas para uso doméstico e ritual. Somente Nanã discordou e, para provar que Ogum não é tão importante assim, torceu com as próprias mãos os animais destinados ao sacrifício em seu ritual. É por isso que os sacrifícios para Nanã não podem ser feitos com instrumentos de metal.
LENDA DE NANÃ - 09
Conta a lenda que Nanã só julgava os homens, pois ela colocava as mulheres acima do julgamento humano. Ela plantou um jardim e quando uma mulher reclamava de seu homem, ela o pendurava em uma árvore e chamava os Eguns, espíritos desencarnados, para assustá-lo. Os Orixás estavam revoltados. Então Ogum pediu a Oxalá para ir dominar Nanã. Ele enfeitiçou Nanã e fez com que mostrasse seu jardim. Nanã adormeceu e Oxalá vestiu-se de mulher, fugindo dos Eguns. Nanã acordou e foi atrás de Oxalá, enfeitiçando-o e seduzindo para sempre o Orixá maior. Dessa união nasceu Oxumaré, o arco-íris e também Iroko e Omulu.
LENDA DE NANÃ - 10
Conta-se que Oxalá se ia casar com Nanã, mas um dia ele foi à praia e na beira do mar encontrou Yemanjá. Essa Orixá, muito linda e envolvente, seduziu Oxalá, que ficou em sua companhia. Nanã sofreu muito quando Oxalá voltou e lhe contou que não podia viver sem Yemanjá, mas ele também disse a Nanã que ainda a amava. Ela não se queixou e deixou o noivo ir. Yemanjá é enganadora, fingida e fez muitas a Oxalá, até que ele não quiz mais saber dela e voltou para Nanã. Arrependido, ele disse que o mar lhe chamava, mas era no barro que estava o seu céu. Nanã perdoou a Oxalá e também a Yemanjá.
LENDA DE NANÃ - 11
Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o òrìsà tentou vários caminhos. Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a tentativa foi pior. Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada.
Foi então que Nanã veio em seu socorro e deu a Oxalá a lama, o barro do fundo da lagoa onde morava ela, a lama sob as águas, que é Nanã.
Oxalá criou o homem, o modelou no barro. Com o sopro de Olorum ele caminhou. Com a ajuda dos òrìsà povoou a Terra. Mas tem um dia que o homem tem que morrer. O seu corpo tem que voltar à terra, voltar à natureza de Nanã.
Nanã deu a matéria no começo mas quer de volta no final tudo o que é seu.
LENDA DE NANÃ - 12
Nanã é a deusa das chuvas, senhora da morte, e responsável pelo portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne).
Em sua passagem pela Terra, foi a primeira iabá e a mais vaidosa, em nome da qual desprezou seu filho primogênito com Oxalá, Omulu, por ter nascido com várias doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou abandonando-o no pântano.
Sabendo disso, Oxalá condenou-a a ter mais filhos, os quais nasceriam anormais (Oxumaré, Ewá e Ossayn), e a baniu do reino, ordenando-lhe que fosse viver no mesmo lugar onde abandonou seu pobre filho, no pântano.
Nanã tornou-se uma das yabás mais temidas, tanto que em algumas tribos quando seu nome era pronunciado todos se jogavam ao chão.
Senhora das doenças cancerígenas, está sempre ao lado do seu filho Omulu.
Protectora dos idosos, desabrigados, doentes e deficientes visuais.
LENDA DE NANÃ - 13
Nanan Buruku é a divindade das águas, a mais antiga de todas, muito velha e arredia, dona das águas paradas, das lagoas e dos pântanos.
Certa feita, numa reunião com todos os Imalés, falou-se muito sobre Obatalá, aquele que criou os homens, sobre Orunmyilá, o dono do destino dos seres humanos. Sobre Exu disseram que era um importante mensageiro, e sobre Ogun, que era o mais importante de todos, que era o dono do ferro e dos metais e que sem as ferramentas que ele fazia era impossível plantar, colher, construir ou fazer a guerra. Todos o reverenciaram, menos Nanan Buruku.
Ela se dispôs a provar que não precisava dos metais. Com as madeiras mais duras da floresta fez cavadeiras para semear e cavar; para caçar, fez flechas de caniço e osso; para cozinhar, panelas de barro; para guerrear, lanças e clavas, facas de bambu e escudos de couro de rinoceronte.
É por isso que não se usam objectos de metal para matar os animais oferecidos a Nanan Buruku. |