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Egungun (Babá-Egun)
Egungun (Babá-Egun)

Segundo a tradição do culto dos Eguns, é originário da África, mais precisamente da região de Oyó. O culto de Egungun, é exclusivo de homens, sendo Alápini o cargo mais elevado dentro do culto tendo como auxiliares os Ojés. Todo integrante do culto de Egungun é chamado de Mariwó. Na África, Sango é considerado a encarnação do Deus primordial do Sol, raios e tempestades, Sango seria a encarnação de Jakutá, que é considerado a mão de Olorun que pune, o caráter punitivo de Olorun, ele representa o poder de Olorun, tanto que fora enviado ao mundo em criação para estabelecer a ordem entre Osalá e Oduduá, que são as duas divindades que foram encarregadas, por Olorun, para criação.

 

Desta forma, Sango é cultuado como um Orisá Egungun, Orisá por ele ser nada mais nada menos que o Orisà da execução, da punição divina e Egungun por ele ter tido sua passagem pela terra como homem e ter se iniciado. Sango foi o criador do culto de Egungun e ele foi o primeiro Ojé ( Sacerdote do Culto aos Mortos ) e também foi o primeiro Alapini ( Sumo-sacerdote do Culto aos Mortos ) isso é evidenciado em um de seus Orikis que fala:
"Rei do Trovão ( Raios ) Rei do Trovão ( Raios ) Encaminha o Fogo sem errar o alvo ( Alusão aos Raios ), nosso vaidoso Ojé Xangô alcançou o Palácio Real Único que possuiu Oiá Grande líder dos Orixás Rei que conversa no Céu e que possui a honra dos Ojés Rei que conversa no Céu e que possui a honra dos Ojés."

 

Sango criador de Culto a Egungun


Sango é o fundador do culto aos Eguns, somente ele tem o poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itã:
"Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Sangô a frente, as Iyámi Ajé fizeram roupas iguais as de Egungun, vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos correram mas Sangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos espíritos. As Iyámis ficaram furiosas com Sangô e juraram vingança, em um certo momento em que Sangô estava distraído atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Iyámis Ajé atacaram, derrubaram a Adubaiyani filha de Sangô que ele mais adorava. Sangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito próspero, foi até Orunmilá, que lhe disse que Iyami é quem havia matado sua filha, Sangô quiz saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilá lhe disse para fazer oferendas ao Orixá Iku (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Sangô fez, seguindo a risca os preceitos de Orunmilá.


Sangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos mistérios de Egungun (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Eguns, e se tornando estritamente proibida a participação de mulheres neste culto, caso essa regra seja desrespeitada provocará a ira de Olorun. Sangô , Iku e dos próprios Eguns, este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais."
No Brasil, Egungun, espírito ancestral de pessoa importante, homenageado no Culto aos Egungun, esse culto é feito em casas separadas das casas de Orixá.
No Brasil oculto principal à Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados.

 

Normalmente chamado de Babá (pai) Egun, Babá-Egun. Também pode ser referido como Êssa nome dos ancestrais fundadores do Aramefá de Osóssi (conselho de Osóssi, composto de seis pessoas). Ou Esa espírito dos adosu e dignitários do egbe (casa).

 


Os nagôs, cultuam os espíritos dos mais velhos de diversas formas, de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em pról da preservação e da transmissão dos valores culturais. E só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome Egun, Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial.


Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência).


Assim, os Babá trazem para seus descendentes e fiéis suas bênçãos e seus conselhos mas não podem ser tocados, e ficam sempre isolados dos vivos. Suas presença é rigorosamente controlada pelos Ojé (sacerdotes do culto) e ninguém pode se aproximar deles.


Os Egungun se materializam, aparecendo para os descendentes e fiéis de uma forma espetacular, em meio a grandes cerimônias e festas, com vestes muito ricas e coloridas, com símbolos característicos que permitem estabelecer sua hierarquia.


Os Babá Egun ou Egun Agbá (os ancestrais mais antigos) se destacam por estar cobertos com uma roupa específica do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia, são enfeitadas com búzios, espelhos e contas e por um conjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é chamado Abalá, além de uma espécie de avental chamado Bantê, e por emitirem uma voz característica, gutural ou muito fina.


Os Aparaká são Egun mais jovens: não têm Abalá nem Bantê e nem uma forma definida; e são ainda mudos e sem identidade revelada, pois ainda não se sabe quem foram em vida.


Acredita-se, então, que sob as tiras de pano encontra-se um ancestral conhecido ou, se ele não é reconhecível, qualquer coisa associada à morte. Neste último caso, o Egungun representa ancestrais coletivos que simbolizam conceitos morais e são os mais respeitados e temidos entre todos os Egungun, guardiães que são da ética e da disciplina moral do grupo.


No símbolo "Egungun" está expresso todo o mistério da transformação de um ser deste-mundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awô) constitui o aspecto mais importante do culto.


Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ìyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Oxorongá chamada também de Ìyá NIa, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Gëlèdé", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino (veja o mito sobre Ìyámi).


Além da Sociedade Gëlèdé, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Ìyámi Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámi quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Ìyámi é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro.


Outra forma, e mais importante, é culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "SociedadesEgungun". Estas têm como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade. Esses mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte , denominada Egun ou Egungun. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantêm a individualidade ; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.(veja os mitos de Oyá). Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.


O culto é equivocado no Brasil pois muitas pessoas dizem que Egun é energia negativa, e isso não é verdade.
O que falta, talvez para as pessoas do Brasil, seria informações sobre Egungun. O povo Yoruba acredita em reencarnação, pois Egungun está interligando vida e morte: assim que uma criança nasce, eles fazem todo um procedimento para saber o destino da criança, manipulam oráculos, ou então pedem a ajuda de babalawo que através de ifá, sabem se a criança é uma encarnação de algum antepassado. Constatando-se o fato, é feito o ritual de ikomojade, onde a criança terá um nome e é apresentada para a comunidade com uma festa.

Este ritual de ikomojade é feito dessa maneira: para o menino só depois de sete dias de vida e a menina após nove dias. O nome é muito importante para os Yoruba.


Se os babalawo, ao consultarem o oráculo, constatam que a criança é uma reencarnação de um antepassado, determinam o nome de babatunde (para meninos) e iyabode (para meninas). Esses nomes são utilizados no caso de reencarnação dos avós. Existem outros nomes que são dados dependendo do que for analisado pelo oráculo, trazendo sorte ao destino da pessoa:


A roupa do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia , ou o Egungun propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode tocá-la. Todos os mariwo usam oixan para controlar a "morte", ali representada pelos Eguns. Eles e a assistência não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egun se tornará um assombrado", e o perigo a rondará. Ela então deverá passar por vários ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria morte.


Ora, o Egun é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados sacerdotes — como os Ojé atokun, que invocam, guiam e zelam por um ou mais Eguns — desempenham todas essas atribuições substituindo as mãos pelo ixan.

O eku dos Babá são divididos em três partes: o abalá, que é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre totalmente a extremidade superior do Babá, e da qual caem várias tiras de pano coloridas, formando uma espécie de largas franjas ao seu redor; o kafô, uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos, do qual ,também caem muitas tiras de pano da altura do tórax ; e o banté, que é uma larga tira de pano especial presa ao kafô e individualmente decorada e que identifica o Babá.


O banté, que foi previamente preparado e impregnado de asé (força, poder, energia transmissível e acumulável), é usado pelo Babá quando está falando e abençoando os fiéis. Ele o sacode na direção da pessoa e esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o asé, e incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico. Na Nigéria, os Agbá-Egun portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais: uns usam sobre o alabá máscaras esculpidas em madeira chamadas de erê egungun ; outros, entre os alabá e o kafó, usam peles de animais; alguns Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixan. Nestes casos, a ira dos Babás é representada por esses instrumentos litúrgicos.


O ritual:

Nas festas de Egungun, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Eguns entram no salão através de uma porta secundária e exclusiva, único local de união com o mundo externo.
Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários amuixan (iniciados que portam o ixan) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babá ou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos Ojé saiam do espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas.


Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão, chamada de ilê awo (casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da floresta), na Nigéria. O ilê awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os Ojé podem entrar, e o lêsànyin ou balé, onde só os Ojé agbá entram Oiê masculinos).
Balé é o local onde estão os idi-egungun, os assentamentos - estes são elementos litúrgicos que, associados, individualizam e identificam o Egun ali cultuado -, e o ojubô-babá, que é um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vários ixan, os quais, de pé, delimitam o local.


Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egun a ser cultuado ou invocado. No ilê awo também está o assentamento da divindade Oyá na qualidade de Igbalé, ou seja,Oyá Igbalé - a única divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente, pelos adeptos e pelos próprios Eguns (veja mitos de Oyá e Egun).
No balé os Ojé atokun vão invocar o Egun escolhido diretamente no seu assentamento, e é neste local que o awo (segredo) - o poder e o axé de Egun — nasce através do conjunto Ojé-ixan / idi-ojubô. A roupa é preenchida e Egun se torna visível aos olhos humanos.


Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos amuixan até a porta secundária do salão, entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos Ojé, pelo som dos amuixan, branindo os ixan pelo chão e aos gritos de saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e cantadores de Egun).

 


Estes são alguns dos Babás Eguns mais famosos no eixo África - Brasil.


Ojé Ladê – Opetenan – Fatunuké – MamaTeni – Atô – Arô – Ologbojô – Aguian – Baká Baká - Alapiagan – Jootolú – Obilaré – Okin – Arisojí – Ode Layielú – Oba Olá – Oyá Biyí – Lapampa – Sembé – Aparaká – Olúlu – Oyé Ati – Élewe – Alarinsó – Ajóbiéwe – Ajofoyinbó – Aiyegunlá – Alapansanpa – Elegbodó – Awuró - Ijépa – Épa – Élé Fin – Ilóró – Pepéiye – Olókótun – Nouvavou – Mazaca – Zazi Boulonin – Zantahí – Wawá – Nibho – Rataloni – Obé Erin – Ólójé – Ólóhan – Olóbá – Aládáfa – Eléfí, Babá ALAPALÁ e Babá BANBUSHÊ ADINIMÓDÓ.

ORÍKÌ TI ÉÉGUN

ORÍKÌ EGÚN

Egúngún kiki egúngún

Egún ikú ranran fe awo ku opipi

O da so bo fun le wo

Egún ikú bata bango egún de.

Bi aba f 'atori na le egún se de. Asé.


Louvado seja nome dos meus Antepassados, 
??que preservaram os mistérios do voo e das penas.

Você que cria as palavras de reverência e poder,

para os tambores que anunciam a sua chegada.

Você que espalha seu poder, os antepassados ??estão aqui.

Falokun Fatunmbi (oriki Book Orunmila)


Gbàdúrà ti Éégun
Ikú ayé, a kí ì bo òrun!
Mo júbà re Éégun mònrìwò.
Hei! Hei! Hei! Bàbá l’èsè awo ìfé.
Ikú l’onon, Ikú l’èhin,
Ikú ó, Ikú o!

Salve Ikú, Nós o saudamos e cultuamos no òrun!
Meus respeitos a ti Éégun ao ouvirmos o som de tua voz.
Hei! Hei! Hei! Pai que estás aos pés do culto do amor.
Ikú no caminho adiante, Ikú no caminho atrás,
Salve Ikú, Salve Ikú.

Gbàdúrà si Egúngún

Ìkú ònòn Ìkú lé èhin, Hei! Hei! Hei!
Bábá l’èsè awo ìfé
Pèlé-pèlé ó dára
A wò sílé, a dúpé,
Omo ni won dára
A wé Olúwa ìkú ó bàbá
A wúre, a wúre, Bàbá Olúkòtún.
A wúre, a wúre, Bàbá Alápáàlà.
A wúre, a wúre, Bàbá Igi.
A wúre, a wúre, Bàbá Igi-S’àwórò
A wúre, a wúre, Bàbá Alápoyò.
A wúre, a wúre, Bàbá Erin rin.
A wúre, a wúre, Bàbá Omo Orò ó mi tótóo.
A wúre, a wúre, Bàbá Isota isso.
A wúre ré èrin.
A wúre rìn rere.
Àse!

A Morte no caminho adiante, a Morte no caminho atrás, Hei! Hei! Hei!
Pai, estamos aos seus pés do culto de amor.
Gentilmente Eu vos saúdo, sois o bem.
Olhai para Nós e para nossa casa, agradecemos.
Façai com que vosso filhos estejam bem.
Envolvei-nos, Senhor da Morte e Pai.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, Senhor do Lado Direito.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, que tem o àlà ao seu lado.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, Senhor das árvores.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, Senhor das árvores a quem fazemos culto tradicional.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, Senhor que traz alegrias.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai que caminha como o elefante.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, Filho de Orò, perdoai-nos Senhor.
Desejai-nos o bem, desejai-nos o bem, Pai, Pedra resistente que frutfica.
Desejai-nos o bem e façai-nos sorrir.
Desejai-nos o bem para que caminhemos no bem.
Assim seja!

Nkí Bàbá Olúkòtún
(Saudando o Senhor do Lado Direito)

K’òtún bájà dé o
K’òtún oba
K’ó sìn nkon se
Éégun ò pààràká
K’òtún nbo a’re
Gbà rú Olúsemòn
Olúkòtún Olóri Éégun
Éégun e ki to lésè Olórun
E Olúkòtún bàbá Éégun
N won nílé wa ní
N ará àiyé tàbí araalé
E Olúkòtún!

Saudamos o Senhor do Lado Direito, que chegou e lutou.
Saudamos o Rei do Lado Direito.
Saúdo aquele a quem servirei e farei as coisas.
Como um Éégun menos importante, que segue o mais importante.
Saudamos o Senhor do Lado Direito, cultuando-o estamos bem.
Faremos oferendas ao Senhor que tem a Sabedoria.
Senhor do Lado Direito, Cabeça (chefe) dos Egúngún.
Éégun, saudamos aquele que está aos pés de Deus.
Senhor do Lado Direito, Pai Éégun.
Que com os demais está em nossa casa,
Com os espíritos da Terra ou com os Ancestrais da Família.

Nkí Bábá Éégun
(Saudando Bàbá Éégun)

Éégun a yè, a kíì gb’òrun,
Mo júbà re Éégun mònrìwò
Í dé mi ó kí e Egúngún
Ìkú gbálé sálè
A si ìwà
Ìkú tu gon
Àse fún wa.

Salve Éégun, saudamos aqueles que vivem no céu.
Meus respeitos a ti Éégun ao ouvirmos o som de tua voz.
Chega-te a mim, aquele que te saúda Egúngún.
Que a Morte seja varrida para a terra.
Que vejamos a existência.
Que a Morte seja acalmada (aplacada) e cortada.
Que assim seja, para nós!

Gbàdúrà ti Éégun
(Reza de Éégun)

Ìkú són a lè
Níbi Bàbá Alápáàlà.
Ìkú don ohun bàbá
Ó kí s’àlà ojú wa
Ní ìfé agà to ní gbè
Osó Ìkú a fó a wé to
Ìkú á lè, ìkú á lè, Ìkú àjò!

Morte, fique amarrada na terra
Aqui, Pai que tem o àlà (o pano branco) ao seu lado
Contra feitiços, a Morte e outras coisas.
Pai, ponha o àlà e o olhar sobre nós.
Tenha amor e que estejamos aptos à proteção
Contra os feitiços da Morte, eleve-nos e envolva-nos bastante.
Morte na terra, Morte na terra, Morte viaje (vá embora)!

Gbàdúrà ti Egúngún
(Reza de Egúngún)

Bàbáláàse se yìn se Ìkú
Olúwà kòtún
K’òtún a sáà nun gó-n-gó
Ìkú a dé.

Pai detentor do axé, podeis quebrar (abrandar) a Morte.
Senhor da existência, saudamos o Lado Direito.
Saudamos o Lado Direito certamente ficaremos limpos.
Que a Morte nos seja branda.
*Deoscóredes Maximiliano dos Santos (Salvador, 2 de dezembro de 1917) é um escritor, artista plástico, e sacerdote afro-brasileiro.


Conhecido popularmente como Mestre Didi, é filho de Maria Bibiana do Espírito Santo e Arsenio dos Santos.
Seu pai Arsenio dos Santos, pertencia à "elite" dos alfaiates da Bahia, mais tarde iria transferir-se para o Rio de Janeiro na época em que houve uma grande migração de baianos para a então capital do Brasil.
Sua mãe Maria Bibiana do Espírito Santo, mais conhecida como Mãe Senhora era descendente da tradicional família Asipa, originária de Oyo e Ketu, importantes cidades do império Yoruba. Sua trisavó, Sra. Marcelina da Silva, Oba Tossi, foi uma das fundadoras da primeira casa de tradição nagô de candomblé na Bahia, o Ilê Ase Aira Intile, depois Ilê Iya Nassô. Sua esposa Juana Elbein dos Santos, é antropóloga e companheira em todas as suas viagens pelo exterior, aos países da África, Europa e Américas, de grande importância pelos intercâmbios e experiências adquiridas, e que irão contribuir significativamente para os desdobramentos institucionais de luta de afirmação da tradição afro-brasileira e pelo respeito aos direitos à alteridade e identidade própria. Sua filha Inaicyra Falcão dos Santos é cantora lírica, graduada em dança pela Universidade Federal da Bahia, professora doutora, pesquisadora das tradições africano-brasileiras, na educação e nas artes performáticas no Departamento de Artes Corporais da Unicamp.